Trabalho por aplicativo avança e caminhoneiros “entram em extinção” no Paraná

Enquanto o trabalho por aplicativo avança, com um crescimento importante no número de profissionais atuando com transporte particular de passageiros, o número de motoristas com habilitação profissional (do tipo C ou E) despenca. É o que revelam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Detran-PR (Departamento de Trânsito do Paraná), os quais apontam para um movimento que pode estar associado.

Conforme o Detran-PR, desde 2014 o número de caminhoneiros caiu 42,5%. Há onze anos, o estado somava 844.874 motoristas com habilitação profissional, número que recuou para 485.113 recentemente. O Paraná, portanto, perdeu quase 360 mil motoristas habilitados a dirigir caminhões. Um movimento que segue uma tendência nacional: no país, o número de motoristas com habilitação do tipo C ou E passou de 5,6 milhões em 2015 para 4,4 milhões, uma queda de 22%, revelam dados da consultoria de logística Ilos.

Seriam dois, ainda, os principais motivos para a debandada de transportistas, numa situação que já preocupa o setor logístico e até o governo. Um deles é a desvalorização da profissão, com longas jornadas, viagens em estradas ruins, má remuneração e uma vida longe da família, o que causa estresse. O outro é o surgimento de novas formas de renda, entre elas se tornar motorista de aplicativo.

Trabalho por aplicativo

De acordo com o IBGE, apenas entre 2022 e 2024 o número de pessoas que trabalhavam por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços 19,8% na região Sul do Brasil. Se antes haviam 167 mil profissionais utilizando aplicativos de transporte de pessoas, de entrega de comida e produtos e de prestação de serviços gerais ou profissionais, hoje esse número já chega a 200 mil nos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

No recorte por tipo de aplicativo, o principal destaque são justamente os aplicativos de transporte particular de passageiros, com 92 mil trabalhadores. Dois anos antes, eram 77 mil, o que aponta para uma alta de 19,5%.

Além disso, há 62 mil pessoas trabalhando com aplicativos de entrega de comida, produtos e outras coisas (um pouco menos que os 64 mil em 2022). Outros 47 mil atuam com aplicativos de prestação de serviços gerais ou profissionais, um incremento de quase 47% em relação aos 32 mil registrados anteriormente pela pesquisa. E há ainda 21 mil trabalhando com aplicativo de táxi (-19,2% em relação aos 26 mil de dois anos antes).

Fim da obrigatoriedade de autoescolas pode ajudar a reduzir escassez

De acordo com uma reportagem de Rui Dantas, publicada no portal UOL, a escassez de transportistas pode ter graves consequências econômicas. No ano passado, por exemplo, os caminhoneiros movimentaram 63% dos dois trilhões de toneladas de mercadorias transportadas no país, bem mais que trens (18%) e barcos (14%).

Por isso, até o governo já olha para questão. Tanto que a proposta de eliminar a obrigatoriedade de aulas em autoescolas para motoristas não profissionais faz parte, também, e uma estratégia para recuperar o número de caminhoneiros no país, já que as carteiras A ou B são pré-requisito para a profissionalização.

Além disso, o Ministério dos Transportes também vem criando pontos de parada e descanso gratuitos para os profissionais, atendendo uma reivindicação histórica da categoria. Ao mesmo tempo, o país se empenha para ampliar o escoamento da produção por vias férreas, com a missão de chegar a 35% das mercadorias transportadas no país até 2040, o que poderia aliviar o setor transportista.

Homens são maioria entre plataformizados e trabalham mais

A pesquisa do IBGE, por sua vez, revela que a maioria dos trabalhadores plataformizados são homens (83,9%), numa proporção muito maior que a média geral dos trabalhadores ocupados no setor privado (58,8%). “Isso tem a ver sobretudo com o perfil ocupacional dos trabalhadores por aplicativo, a maior parte deles exerce a ocupação de condutores no transporte de passageiros ou nos serviços de entrega”, explica Gustavo Geaquinto, analista do estudo divulgado na última semana.

Outro dado curioso é que, no 3o trimestre de 2024, o rendimento médio mensal dos trabalhadores plataformizados (R$ 2.996) estava 4,2% maior que o rendimento médio dos não plataformizados (R$ 2.875). No entanto, os trabalhadores plataformizados (R$ 15,4/hora) registraram um rendimento-hora 8,3% inferior ao dos não plataformizados (R$ 16,8/hora), uma vez que sua jornada de trabalho (44,8 horas por semana) era, em média, 5,5 horas mais extensa que a dos não-plataformizados (39,3 horas).

A diferença no rendimento médio mensal, contudo, diminuiu em relação a 2022, quando era de 9,4% a mais para os trabalhadores plataformizados.

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Fonte:Bem Paraná

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