Trump diz que tarifas vão ajudar a reduzir imposto de renda nos EUA | Mundo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu a entender neste domingo, 27, que suas amplas tarifas o ajudariam a reduzir o imposto de renda de quem ganha até US$ 200 mil por ano, diante do aumento da preocupação com as medidas econômicas que ele vem adotando. Trump já tinha dito que a renda obtida com as tarifas poderia ser usada para compensar as perdas na arrecadação do imposto de renda, mas especialistas questionam essa premissa.

“Quando as tarifas forem baixadas, o Imposto de Renda de muitas pessoas será substancialmente reduzido, talvez completamente elimnado. O foco será nas pessoas que ganham menos de US$ 200 mil por ano”, Trump disse neste domingo na Truth Social.

Em poucas semanas, as tarifas de Trump abalaram a economia global, criaram receio de um aumento de preços para os norte-americanos e acenderam alertas de que essa política econômica poderá gerar recessão.

Uma nova pesquisa da CBS divulgada neste domingo mostrou que 69% dos americanos acreditam que o governo Trump não está trabalhando o suficiente para reduzir os preços. A aprovação da política econômica de Trump caiu para 42%, em comparação com 51% no início de março.

Trump quer ampliar as reduções do imposto de renda que foram aprovadas em 2017, durante seu primeiro mandato como presidente. Muitas delas só ficam vigentes até o final de 2025. Ele também propôs expandir incentivos fiscais — inclusive isentando as gorjetas e os rendimentos do seguro social — ao mesmo tempo em que reduziria o imposto das empresas de 21% para 15%.

O Secretário do Tesouro Scott Bessent respondeu os resultados da pesquisa, dizendo que os consumidores dos EUA ainda estão gastando, e que a administraçaõ federal está trabalhando em acordos individuais com vários países, depois que Trump impôs tarifação que ele chamou de recíproca contra vários países no início de abril. Posteriormente, ele pausou as taxas por 90 dias para todos os países, exceto a China.

O esforço envolve 17 parceiros comerciais estratégicos, excluindo a China, afirmou Bessent no programa “This Week”, do canal ABC.

“Estamos com um processo em andamento, pelos próximos 90 dias, para negociar com eles”, afirmou. “Alguns deles estão caminhando bastante bem, especialmente com países asiáticos.”

Bessent reiterou o arugmento do governo de que Pequim vai ser obrigada a negociar, uma vez que a China não vai conseguir suportar a tarifa de 145% que Trump impôs sobre os bens importados.

“O modelo de negócios deles é baseado em vender produtos baratos e subsidiados para os Estados Unidos”, afirmou Bessent, “e se isso parar de repente, eles vão ter uma parada repentina na economia, e vão ter que negociar”.

Trump diz que os Estados Unidos e a China estão em negociações sobre a relaçaõ comercial, mas Pequim negou. Bessent disse não saber se Trump e Xi Jinping conversaram. Ele disse ter se reunido com membros do governo chinês na semana passada, quando líderes mundiais se reuniram em Washington, mas eles falaram “mais sobre os assuntos tradicionais, como estabilidade financeira, alertas iniciais sobre a economia global.”

Bessent disse acreditar que há um caminho aberto para negociações com a China, começando por uma “suavização”, seguida por um “entendimento com base em princípios”. “Um acordo comercial pode levar meses, mas um entendimento de princípios, bom comportamento, e respeito aos parâmetros da proposta por parte dos nossos parceiros comerciais podem impedir que as tarifas voltem aos níveis máximos”, disse.

No Congresso, os republicanos concordaram no início de abril com a estrutura de um projeto de lei que permitiria um corte de impostos de US$ 5,3 trilhões ao longo de uma década. O conselheiro comercial de Trump, Peter Navarro, sugeriu que as tarifas vão gerar mais retorno que isso, enquanto a maioria dos economistas projetam um valor bem abaixo do projetado.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que ganhos com tarifas vão compensar corte nos impostos — Foto: Jim Lo Scalzo/EPA/Bloomberg
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que ganhos com tarifas vão compensar corte nos impostos — Foto: Jim Lo Scalzo/EPA/Bloomberg

Fonte: Valor

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