Venda de diamantes fracassa em Botsuana após compradores se recusarem a pagar

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Bloomberg

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26 de setembro de 2025

O Botsuana não vendeu quaisquer diamantes em um leilão ad hoc inédito, porque os compradores se recusaram a pagar preços suficientemente altos, em uma altura em que a indústria mundial continua enfrentando uma das suas crises mais profundas de sempre.

Bloomberg

A comercializadora estatal Okavango Diamond Co. ofereceu cerca de 1 milhão de quilates de pedras brutas no concurso “fechado” realizado na quinta-feira, diferente do processo habitual, em que os leilões se destinam a compradores registrados e são marcados com grande antecedência. O objetivo era gerar receitas para o governo, de acordo com a Bloomberg, que citou pessoas familiarizadas com o assunto.

Mas não se concretizaram vendas por não ser alcançado o preço de reserva, disse o porta-voz Dennis Tlaang na sexta-feira. Na quinta-feira, afirmou que a ODC não venderia a preços que tivessem “um impacto negativo no mercado”.

O fracasso do leilão é mais uma prova da fragilidade no universo dos diamantes. A indústria enfrenta uma das piores quebras das últimas décadas, após o colapso da procura chinesa e a feroz concorrência das pedras produzidas em laboratório, enquanto as tarifas dos EUA geram ainda mais incerteza.

A queda do mercado é também um golpe para os cofres do Estado de Botsuana, um dos produtores mais importantes do mundo. Os diamantes, que representam 80% das vendas de exportação do país e cerca de um terço das receitas do Estado, têm sido o pilar da sua economia há décadas.

A economia do país deverá recuar pelo segundo ano consecutivo em 2025, segundo a S&P Global Ratings, que recentemente cortou a notação de crédito soberano de longo prazo do país. Dados divulgados na sexta-feira indicaram que o produto interno bruto caiu 5,3% no segundo trimestre face a igual período do ano anterior.

Para além da descida dos preços, o Botsuana também enfrentou uma quebra na produção de diamantes. A produção caiu 43% em termos homólogos no segundo trimestre, a maior queda desde o início da pandemia, de acordo com a Statistics Botswana. A entidade apontou a manutenção prolongada numa mina-chave e os esforços para equilibrar a oferta com uma procura mais fraca.

A Debswana, a maior mineira de diamantes do Botsuana, reduziu a produção no contexto da crise no mercado de diamantes. A ODC recebe 30% das pedras produzidas pela Debswana, uma joint venture 50-50 entre o Botsuana e o gigante dos diamantes De Beers.

A venda adiada da ODC “não é incomum no nosso negócio e, de fato, reflete a força da nossa posição em preservar o justo valor do nosso produto”, disse Tlaang. Espera-se um interesse renovado em futuros leilões, acrescentou.

Fonte: Fashion Network

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